O ideal é que o plantio da Crotalária ocorra entre outubro e novembro. O preparo de solo é o mesmo realizado para receber os toletes de cana. O plantio da semente pode ser em linha, feito com a máquina, ou a lanço, sendo que, nesse caso, é necessário que depois se incorpore a semente de forma leve e superficial.
Com relação ao manejo de plantas daninhas, cada espécie tem suas particularidades. No caso da C. juncea, o uso de trifluralina é opcional, mas recomendável para as áreas com histórico de pastagens e de grande potencial de folhas estreitas. Já a C. spectabilis, por contar com uma fase inicial lenta, requer obrigatoriamente que a trifluralina seja utilizada para o controle de folhas estreitas.
Para o manejo, Henriques, o engenheiro agrônomo da Sementes Caiçara, afirma que existem duas práticas usuais: o químico, voltado para as espécies C. ochroleuca e C. spectabilis; e o mecânico, com maior eficiência na C. juncea. Lembrando que, em qualquer um dos casos, esse processo deve ser feito sempre no pleno florescimento da planta.
Ele explica que o manejo químico consiste na dessecação da área com uso de herbicidas, sendo este o método com maior rendimento operacional e menor custo. Nas usinas, essa prática é feita com uso de uniportes, ou seja, equipamentos de grande porte, com barras de pulverização largas e que alcançam alta velocidade, proporcionando um grande rendimento para a aplicação. "O manejo químico numa área de 2,5 mil ha, por exemplo, pode ser feito em poucos dias. Apesar dos custos do manejo químico ser um pouco mais elevados que os do manejo mecânico, é viável que as Crotalárias sejam utilizadas na renovação dos canaviais."
Já o manejo mecânico, de acordo com Henriques, é realizado com outros tipos de equipamentos, como rolo faca, roçadeira, triturador (triton), grades niveladores e tronco de madeira. Essa prática é indicada apenas para a Crotalária juncea, pois ela apresenta resistência ao controle químico. "Isso acaba limitando o cultivo desta espécie, que dá bons resultados em áreas menores, devido ao baixo rendimento do manejo mecânico.”
Sobre a incorporação, ou não, dessa planta no solo após seu manejo, Bolonhezi, da APTA, explica que esse ato poderá fazer com que haja falhas na brotação da cana-de-açúcar. “ A Crotalária pode chegar a 20 toneladas de matéria seca, sendo que incorporar isso numa camada de 30 cm de solo fará com que muito do material não se decomponha. Dessa forma, existe o risco das gemas da cana entrarem em contato com bolsões de ar formados pelo resíduo vegetal, que acabarão impedindo a brotação.”
O pesquisador recomenda que o produtor ou usina conviva com esse material na entrelinha da cana, que inclusive ajudará a segurar umidade no solo.
Fonte: CanaOnline