O Brasil é o maior produtor mundial de soja, produzindo 135,41 milhões de toneladas, o que representa um aumento de 8,5% em relação à safra 2019/2020, em que a área estimada de produção do grão é próxima a 38 milhões de hectares (Conab, 2021). O Brasil também é o maior exportador mundial de soja e seus derivados contribuem positivamente para sua balança comercial. A produção de soja enfrenta diversos desafios desde seu cultivo em campo até o mercado consumidor. Em campo, um dos principais problemas é o ataque de pragas, principalmente de percevejos que se alimentam diretamente dos grãos em formação e vagens. Esses danos diretos, podem causar inviabilização total da semente, por abortamento, até a redução do vigor e potencial germinativo, além de ocasionar má formação, redução do peso e qualidade dos grãos e das sementes (Panizzi et al., 2012).
O percevejo-marrom Euschistus heros, é a principal espécie, ocorrendo com ampla distribuição nas regiões produtoras de soja do Brasil (Panizzi et al.,2012). Este inseto praga sugador é facilmente identificável, no qual, a ferramenta utilizada para o auxílio dessa visualização é o pano de batida. As amostragens realizadas através dessa ferramenta, visam a tomada de decisão para o controle dos percevejos, no qual são baseados nos níveis de ataque. Entretanto, ocorrem falhas de controle, e manejo incorreto, desta forma, as populações ficam resistentes aos inseticidas (Sosa-Gomes; Omoto,2012). Além disso a falta de rotação de culturas e desequilíbrio do sistema produtivo, tem sido citado como causas das elevadas densidades populacionais de percevejos em soja nas diversas regiões produtoras (Corrêa-Ferreira et al., 2010). A eficiência do controle de pragas está relacionada a vários fatores, entre eles a adequação da tecnologia de aplicação utilizada. Fatores como o espectro de gotas, volume de calda, ponta de pulverização, tipo de emissor e condições ambientais, podem ter efeito sobre o padrão de deposição da calda e, consequentemente, sobre a eficiência de controle do produto pulverizado (Ozeki; Kunz, 1998). Para a maior parte das pulverizações considera-se que a eficiência de cobertura do alvo, obtida pelo método de aplicação utilizado, é o principal fator para a qualidade da aplicação (Ozeki; Kunz, 1998). O uso de drones para pulverização agrícola é uma tecnologia emergente que pode se integrar a outros métodos de aplicação de produtos fitossanitários.
Porém, apresenta características próprias como baixo volume de calda, pontas de baixa vazão, gotas mais finas, maior altura da barra e efeito do giro das hélices, que proporcionam uma pulverização diferenciada em relação ao obtido com a pulverização terrestre (Ramos et al., 2010). Assim, foi conduzido um trabalho com objetivo de estudar o controle do percevejo Euschistus heros em soja com inseticida químico pulverizado com drone, comparativamente a diferentes tecnologias como aplicação tratorizada e costal.
Para avaliação dos tratamentos foi realizada amostragem dos percevejos antes e 3, 5, 7 e 10 dias após a aplicação. A amostragem foi realizada pelo método do pano-de-batida, com quatro subamostras por parcela. Os dados foram submetidos a análise de variância e as médias comparadas pelo teste de Tukey a 5% de significância.
A pulverização com drone, utilizando 10 L de calda/ha apresenta desempenho de controle de percevejos equivalente a pulverização com trator utilizando volumes de calda de 36 L e 80 L/ha e costal com 200 L/ha. O desempenho de controle de percevejo obtido com diferentes tecnologias de aplicação não depende do volume de calda utilizado, mas da combinação adequada de ponta de pulverização e pressão de trabalho, além de condições ambientais favoráveis. Nas condições deste estudo, o uso de cortina de ar não aumenta o desempenho do controle de percevejos comparativamente à pulverização sem cortina de ar, com o mesmo volume de calda, velocidade de deslocamento e nas mesmas condições meteorológicas.
Font: Embrapa