Pulverização é o processo de fragmentar o líquido em gotas. Mas o que define se estas gotas estarão com tamanho adequado é a pressão adotada pelo operador do equipamento pulverizador.
Portanto, dentre todos os fatores que envolvem o processo de pulverização é a pressão correta o fator “chave” para se ter sucesso no controle de plantas daninhas, insetos-praga e doenças
Neste blog post, você vai entender como é feita a pulverização e, principalmente, como a pressão na hora da aplicação pode fazer toda a diferença na produtividade da lavoura.
Boa leitura e aproveite ao máximo nossas dicas!
Primeiramente, se deve lembrar que a pulverização tem como objetivo aplicar os produtos fitossanitários, também popularmente chamados de defensivos agrícolas, visando o controle de insetos-praga, plantas daninhas e doenças. Ainda, a pulverização pode ser usada para aplicar fertilizantes para a nutrição das plantas.
Espera-se de uma boa pulverização o máximo de controle com o mínimo de desperdícios, proporcionando aumento da produtividade da plantação e ao mesmo tempo economia para o produtor.
Uma vez adicionado(s) o(s) defensivo(s) no tanque do pulverizador, a bomba do pulverizador succiona e admite a calda para a barra de pulverização. Quando a calda chega até a barra, entrarão em ação os bicos de pulverização que fragmentam a calda em diversas gotas, permitindo a cobertura do alvo e, consequentemente, o controle dos insetos-praga, das plantas daninhas, doenças, etc.
Porém, fazer a aplicação da dosagem correta do(s) produto(s) e aplicá-lo(s) no alvo não é tarefa fácil. A exemplificar, os defensivos agrícolas geralmente vêm em quantidades bem concentradas. Sendo assim, é preciso realizar a dosagem de forma criteriosa para diluição em água. Nesta etapa, o erro na dose implica em falhas no controle devido a sub dose ou morte da lavoura devido a superdoses de produto.
Mas não é só isso. A água é outro fator importante na pulverização e também precisa estar com o pH equilibrado. Por exemplo, alguns herbicidas exigem pH entre 5 e 4. Já alguns fungicidas exigem pH entre 6 e 7. A não adequação do pH de acordo com o tipo de produto pode resultar em incompatibilidade na diluição do produto em água, perda da eficácia de controle e ainda fitotoxidez da lavoura que pode provocar até a morte da plantação.
Além da pressão de trabalho (assunto que iremos abordar mais adiante), cuidados devem ser tomados com relação as condições meteorológicas durante as aplicações. Fatores como a velocidade do vento, temperatura ambiente e umidade relativa do ar devem ser criteriosamente respeitados.
Considera-se ideal pulverizar quando a temperatura é inferior a 30°C, com umidade relativa superior a 50% e ventos presentes entre 6 e 15 km/h. Uma vez não respeitadas estas diretrizes, há grandes riscos de perdas por deriva.
Antes de abordarmos o que é deriva e técnicas de redução de deriva, é importante compreender o processo de inversão térmica. A maioria de nós foi educada a realizar a aplicação com temperatura baixa e umidade do ar alta, o que é correto. Porém, o problema é que estas condições de temperatura e umidade geralmente ocorrem no início e ao final do dia, momentos em que há grandes riscos de inversão térmica.
A inversão térmica ocorre quando a temperatura próxima ao solo é diferente da temperatura do ar. Esta diferença de temperatura entre o solo e o ar pode promover a suspensão das gotas carregadas com defensivos agrícolas no ar como se fossem “nuvens”. Assim, estas “nuvens” podem mover para grandes distâncias do local onde foi feita a aplicação.
Só existe uma maneira de se “driblar” a inversão térmica que é a ocorrência de ventos de no mínimo 6 km/h, ou seja, não existe técnica de pulverização milagrosa, ponta de pulverização especial ou aditivos que lhe permitam aplicação com inversão térmica. A única solução é aplicar com ventos. Como dica, os momentos de maior inversão térmica ocorrem 2h a partir do momento que o sol nasce e 2h a partir do momento que o sol vai se por. Portanto, se for aplicar nestes momentos, aplica com a presença de ventos de no mínimo 6 km/h.
A deriva é um dos principais fatores que ocasionam a perda de produtos na hora da aplicação. Define-se deriva como sendo tudo aquilo que não atinge o alvo durante a pulverização e após a aplicação. Isto posto, a deriva é a parte da pulverização que é colocada para fora do alvo.
A deriva pode se originar na forma de gotas arrastadas pelo vento para fora da área alvo ou por volatilização. Neste último caso, a deriva por volatilização acontece durante e também após a aplicação.
Existem várias formas de se evitar a deriva durante a pulverização, por exemplo:
a) respeitando a condições meteorológicas adequadas durante as aplicações;
b) adotando pontas com indução de ar ou pré orifício que permitem a produção de gotas maiores;
c) mantendo a altura correta da barra de pulverização;
d) aplicando em baixa velocidade de deslocamento
e) adotando a correta pressão de pulverização e, consequentemente, produzir gotas de tamanho seguro e adequado.
Contudo, a deriva também pode ser definida como a perda do defensivo aplicado que não atinge o alvo mesmo dentro da lavoura. O maior exemplo disso é a aplicação de herbicidas em área total, sendo que, na verdade, as plantas daninhas que se almeja controlar não estão em toda área que se faz a aplicação.
A tecnologia WeedSeeker da fabricante Trimble surgiu para atender esta demanda de reduzir deriva na aplicação de herbicidas e, ao mesmo tempo, economizar com uso de herbicidas, tornando nossa agricultura mais competitiva. Para se ter uma ideia, em um trabalho feito na Unesp de Jaboticabal-SP a economia superou 70% nas aplicações em dessecação pré-plantio.
O WeedSeeker possui sensores que identificam as plantas que se pretende pulverizar em tempo real. Uma vez identificadas as plantas, a aplicação do herbicida é feita de maneira precisa e localizada.
O WeedSeeker também realiza a aplicação “verde sobre verde”. Esta modalidade de aplicação permite que o produtor realize uma pulverização seletiva mesmo após a emergência da cultura de interesse. Por exemplo, uma vez germinada a soja os sensores WeedSeeker conseguem diferenciar o que é planta de soja e o que é planta daninha. Nestes casos a economia de produto chega a 90% de acordo a porcentagem de germinação de plantas daninhas na área que se pretende aplicar.
Os bicos de pulverização são os responsáveis pela produção das gotas. Existem vários tipos de bicos, podendo ser gerado o mais variado espectro de gota. Nota-se que as gotas menores têm maior capacidade de cobertura e retenção sobre o alvo, no entanto, são as gotas grossas que possuem maior velocidade de deposição e menores perdas por deriva.
Os bicos são responsáveis pela definição de fatores importantes na pulverização, como a vazão, o diâmetro das gotas por centímetro quadrado, a uniformidade de distribuição da calda composta por defensivos e pela redução do potencial de deriva.
O que vai definir qual bico e, consequentemente, qual tamanho de gotas usar será o tipo de defensivo aplicado e as condições meteorológicas durante a aplicação.
Com relação o tipo de defensivo, aqueles que tem ação contato exigem gotas menores devido a necessidade de maior cobertura sobre o alvo. Já aqueles defensivos que tem ação sistêmica exigem gotas maiores devido ao risco de contaminar áreas vizinhas e devido a menor necessidade de cobertura sobre o alvo.
Já com relação as condições meteorológicas, quanto mais alta a temperatura, menor a umidade do ar e mais intensa as rajadas de ventos maior deve ser o tamanho de gotas. Gotas maiores evaporam menos e são menos arrastadas pelo vento. No entanto, se a aplicação for de produtos de contato e sob tais situações adversas meteorológicas, deve ser aumentada a taxa de aplicação (litros por hectare) para compensar a menor cobertura do alvo.
Atualmente existes equipamentos e acessórios para monitoras as condições meteorológicas. Visto a importância dos fatores temperatura, umidade do ar e ventos, investir nestes equipamentos é uma escolha inteligente.
Entender como a pressão adotada na pulverização influencia na qualidade da aplicação é fundamental para a sustentabilidade no uso dos defensivos agrícolas. Nem de menos e nem demais, a pressão deve ser correta para cada tipo de defensivo, de alvo e de condição meteorológica, neste último fator nos referimos a temperatura, umidade relativa do ar e velocidade do vento.
A pressão muito alta ou excessiva pode provocar a formação de gotas muito finas que serão perdidas seja pela maior rapidez na evaporação ou pelo arraste do vento para o local onde não se tem a intenção de aplicar o defensivo. Além disso, o excesso de pressão também pode provocar a danificação de componentes que compõe o circuito hidráulico do pulverizador, por exemplo os filtros de linha, mangueiras e até os bicos.
Por outro lado, a pressão muito baixa ou insuficiente pode provocar falhas na aplicação. Quando a pressão é muito baixa a calda proveniente do tanque do pulverizador pode não chegar em quantidade suficiente até a última secção da barra de pulverização. Ainda, com a pressão muito baixa pode ocorrer a não abertura completa do leque dos bicos de pulverização. Por fim, pressões muito baixas podem produzir gotas muito grandes que pode promover o escorrimento ao entrar em contato com as folhas das plantas, dessa forma diminuindo efeito de controle esperado.
Outro fator importante que deve ser mencionado é que a pressão interfere diretamente na vazão (litros por minuto) das pontas e, consequentemente, na taxa de aplicação (litros por hectares) do defensivo agrícola.
Uma vez compreendido que o tamanho das gotas está diretamente ligado a pressão de trabalho dos pulverizadores e que a pressão tem efeito sobre a vazão das pontas, sobre a taxa de aplicação, no ângulo de abertura do leque dos bicos e na cobertura do alvo pelo defensivo aplicado, nota-se a importância de novas tecnologias para monitorar e controlar a pressão de trabalho durante a aplicação.
Pensando nisso, a Capstan possui em seu portfólio de produtos, a tecnologia PWM que vem de uma sigla em inglês que significa Pulse-Width Modulation. Este sistema permite que alterações de velocidade durante a aplicação não interfiram na pressão de trabalho e nem na taxa de aplicação.
Uma vez mantidas constantes a taxa de aplicação e pressão de trabalho, os benefícios serão menores perdas por deriva devido a não alteração da pressão de trabalho durante a aplicação e, principalmente, o benefício de manter o tamanho de gotas que se deseja. Abaixo uma foto de um trabalho desenvolvido por pesquisadores da Universidade de Nebraska-Lincoln que mostra como o tamanho de gotas correto aumenta o controle das plantas daninhas. Estes resultados foram obtidos usando o sistema PWM da Capstan.
Esta inovação está disponível no mercado brasileiro e é possível de adaptar em qualquer tipo de pulverizador, seja ele de arrasto, acoplado nos três pontos do trator ou um autopropelido.
Uma boa e eficiente pulverização resulta na soma de diversos conhecimentos. No entanto, o avanço da tecnologia na agricultura e os novos recursos para auxiliar na tomada de decisão facilitou a vida dos agricultores. Ou seja, apesar da complexidade no processo de aplicação, há tecnologias para atingirmos a excelência durante a aplicação dos defensivos agrícolas.
Em linhas gerais, vivemos um momento em que “a tecnologia esta para o agricultor, mas o agricultor não está para a tecnologia”. Logo, é hora de mudar os velhos hábitos e se adequar as novas tecnologias.
E no que se trata da pulverização de defensivos agrícolas, esta etapa da produção está diretamente ligada com a manutenção da produtividade da agricultura brasileira e, consequentemente, no saldo positivo da nossa balança comercial. Portanto, o produtor rural deve ficar atento e disponível para aderir as novas tecnologias e assim produzir com sustentabilidade econômica, social e ambiental.
Escrito por: Dr. Henrique B. N. Campos
PhD in Pesticide Application Technology | Doutorado em Tecnologia de Aplicação de Agrotóxicos
Agronomist | Agrônomo
Sabri - Sabedoria Agrícola
Para saber mais sobre esse e outros conteúdos, acesse o blog da Vantage Centro Sul | Geo Agri e saiba tudo sobre Agricultura de Precisão.