A produção brasileira estimada de grãos é de 271,7 milhões de toneladas, sendo que a soja contribui com praticamente a metade (49,83%) dessa produção (Conab, 2021). A soja é produzida em área estimada de 38,50 milhões de hectares, o que corresponde a 56,13% da área total de cultivo de grãos do país (Conab, 2021). O Brasil também é o maior exportador mundial de soja e seus derivados contribuem positivamente para sua balança comercial. O cultivo de soja requer diversos cuidados, entre eles o manejo de pragas. Os percevejos são um dos principais grupos de pragas que causam danos à cultura, pois atacam as vagens e os grãos em formação, podendo causar má formação e abortamento, redução de massa e qualidade de grãos, redução da viabilidade, vigor e potencial de germinação de sementes (Panizzi et al.,2012).
Os percevejos ocorrem com maior intensidade na fase reprodutiva da soja e se localizam predominantemente no interior do dossel da cultura, no estrato médio e inferior das plantas. Nessa fase, a cultura está com sua máxima área foliar e há maior dificuldade de penetração de calda de pulverização para o interior do dossel. A dificuldade de se atingir estas pragas pelos métodos de pulverização tradicionais é considerada uma das possíveis falhas de controle de percevejos. A maior taxa de penetração de calda e cobertura de alvos de interesse no interior do dossel pode ser obtida com o uso de gotas finas. Porém, essas são suscetíveis a perdas por evaporação ou deriva pelo vento, demandando condições ambientais específicas para a pulverização.
O uso de gotas finas está habitualmente associado a pulverizações de baixo volume de calda, que tem se tornado comum entre os agricultores que visam aumentar o rendimento da operação de pulverização e economizar água. A pulverização realizada com drones habitualmente utiliza baixo volume de calda/ha, em torno de 10 L/ha, e velocidade de deslocamento entre 10-20 km/h, e uma combinação de ponta e pressão de trabalho que produz gotas finas (Ramos et al., 2010). Além disso, o efeito das hélices impulsiona a calda de pulverização para baixo e movimenta as folhas do topo das plantas, o que pode melhorar a deposição de calda para os estratos inferiores da planta (Ramos et al., 2010). O uso de drones para pulverizações agrícolas é uma tecnologia emergente que pode se integrar a outros métodos de aplicação e que demanda estudos para embasar seu correto uso.
Assim, foi conduzido um experimento com objetivo de estudar o depósito de inseticidas para o controle de percevejos em diferentes alturas das plantas de soja, obtido na pulverização com drone, comparativamente a diferentes tecnologias, em aplicação tratorizada e costal.
A pulverização com drone utilizando 10 L de calda/ha resulta em depósito de corante, nos três estratos da planta, inferior à pulverização tratorizada com 80 L de calda/ha, considerada um padrão utilizado pelos agricultores. Nos estratos superior e médio da planta de soja, esse menor depósito é proporcional ao menor volume de calda da aplicação com drone. No estrato inferior, a pulverização com drone proporciona depósito relativo cerca de 2 vezes maior do que a pulverização tratorizada com 80 L de calda/ha. O depósito de inseticida obtido com a pulverização com drone é equivalente
às demais tecnologias de aplicação estudadas, nos estratos superior e médio. No estrato inferior, o depósito de inseticida obtido com a pulverização com drone é superior aos demais tratamentos, sendo cerca de 1,9 vezes superior à pulverização tratorizada com 80 L de calda/ha.
Font: Embrapa